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          | Amostra cilíndrica 
            de urânio no estado sólido. 
 Fonte: Merck.
 |                  |  | Eficiência com 
        custo elevado  Os custos de produção 
        da energia elétrica são compostos de maneira diferente para cada país, 
        pois dependem, entre outros, dos recursos naturais disponíveis em seu 
        território. Com a crescente demanda de energia elétrica decorrente do 
        modo de vida da sociedade moderna, mais de uma fonte de energia deveria 
        ser estudada e aplicada, levando em conta os impactos ambientais e sociais 
        a serem gerados a curto e longo prazos. Cada fonte apresenta vantagens 
        e desvantagens (veja tabela). A energia nuclear 
        é uma das mais eficientes, mas seu custo é elevado por causa dos sistemas 
        de emergência, de contenção, de resíduo radioativo e de armazenamento. 
         Na composição de custos, 
        a produção do combustível (urânio) é de grande importância.  Esquematicamente, 
        o ciclo completo envolve as seguinte etapas:1) Mineração: após a descoberta da jazida e feita sua avaliação econômica 
        (prospecção e pesquisa), inicia-se a mineração e o beneficiamento. Na 
        usina de beneficiamento, o urânio é extraído do minério, purificado e 
        concentrado num sal de cor amarela, chamado "yellowcake". No Brasil, estas 
        etapas são realizadas na Unidade de Lagoa Real (BA) das Indústrias Nucleares 
        do Brasil (INB), de produzir 300 ton/ano 
        de concentrado de urânio. O teor e a dimensão de suas reservas são suficientes 
        para o suprimento de Angra 1, 2 e 3 por 100 anos.
 2) Conversão do yellowcake (óxido de urânio - U3O8) 
        em hexafluoreto de urânio (UF6) sob estado gasoso, 
        após ter sido dissolvido e purificado.
 3) Enriquecimento Isotópico: tem por objetivo aumentar a concentração 
        de urânio 235 (U-235) acima da natural de apenas 0,7% para 2 a 5%, servindo 
        então como combustível nuclear. Esta etapa e a de conversão ainda não 
        são realizadas no Brasil, mas na Europa por um consórcio chamado Urenco. 
        A tecnologia de enriquecimento inclui um processo 
        de centrifugação, onde entra o gás UF6. O isótopo 
        U-235 de interesse é separado do isótopo U-238 mais pesado.
 4) Reconversão do gás UF6 em dióxido de urânio (UO2) 
        ao estado sólido (pó). Esta etapa é realizada em Resende (RJ), desde 1999, 
        na Unidade II da Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC), da INB.
 5) Fabricação das Pastilhas de UO2, também na Unidade 
        II da FEC.
 6) Fabricação de Elementos Combustíveis: as pastilhas são montadas em 
        varetas de uma liga metálica especial, o zircaloy. Esta etapa é realizada 
        na Unidade I da FEC, também localizada em Resende (RJ).
  Conforme 
        a INB, desde 1996 o Brasil é um dos 12 países que fabricam elementos combustíveis 
        nucleares. A partir do primeiro semestre de 1999, passou a integrar o 
        grupo de produtores mundiais de pó e pastilhas de urânio enriquecido através 
        da Unidade II da Fábrica de Elementos Combustíveis. Com isso, apenas duas 
        etapas do ciclo do combustível continuarão sendo realizadas no exterior: 
        a conversão e o enriquecimento isotópico. Esta última já é objeto de estudos 
        realizados pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), para 
        processar no país, em escala industrial, o enriquecimento de urânio através 
        do processo de centrifugação. Segundo José Roberto Rogero, Diretor de 
        Materiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em 
        fevereiro de 2002 a INB estará enriquecendo urânio com a tecnologia comprada 
        do CTMSP por R$250 milhões.
 Outros custos também 
        são importantes na implantação de uma usina, como os associados à construção 
        inicial da planta e suas modificações e os sistemas de segurança, que 
        são redundantes (todos os equipamentos têm uma duplicata pronta para ser 
        acionada a qualquer momento em caso de acidente). Aqui são levados em 
        conta quando e onde a usina é construída.  Há também os custos 
        relacionados ao tratamento dos resíduos, que no caso da energia nuclear 
        exigem um alto nível de segurança para seu armazenamento. Em Angra 1 e 
        2, os depósitos de lixo atômico não são definitivos. E será necessário 
        construir depósitos permanentes, o que depende da regulamentação da lei 
        que trata do assunto.  Após o tempo de vida 
        útil de uma usina, deve-se também pensar nos custos de sua desativação, 
        o que envolve isolamento da área do reator por um período de milhares 
        de anos, construção de depósitos permanentes de lixo radioativo, entre 
        outros. Neste ponto, é importante ressaltar que até hoje nenhuma usina 
        nuclear foi descomissionada, ou seja, apesar de desativada, o local em 
        que estava instalada continua isolado.  Todas essas considerações 
        voltam a ser objeto de debate no Brasil com a inauguração 
        de Angra 2...  |  |  |