| Ipen desenvolve 
        aplicações médicas da energia nuclear  Historicamente o desenvolvimento 
        das tecnologias nucleares sempre esteve relacionado a questões estratégicas, 
        como por exemplo, o desenvolvimento de armamentos nucleares. Pouco se 
        fala em tecnologia nuclear ligada aos campos da biologia e medicina. No 
        entanto, esse vínculo vem se tornando uma opção importante na solução 
        de problemas do ser humano e do seu meio ambiente.  O Ipen foi fundado 
        em 1956 (com o nome de IEA, Instituto de Energia Atômica), integrando 
        o programa norte-americano conhecido como "Átomos para a Paz". O programa 
        fazia parte da iniciativa do governo dos Estados Unidos em permitir o 
        desenvolvimento da tecnologia nuclear nos países periféricos voltada para 
        aplicações não militares. O reator IEA-R1 foi o primeiro do hemisfério 
        sul a atingir criticalidade, em setembro de 1957.  Em 1962, foi desenvolvido 
        junto com a Primeira Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP um 
        programa de pesquisas clínicas, empregando radioisótopos, principalmente 
        no diagnóstico de doenças tireoideanas. Um composto que interage de maneira 
        diferente com as células cancerosas é marcado com radioisótopos, que fazem 
        com que a mistura seja identificável através de um aparelho.  Hoje o Ipen produz 
        radioisótopos que atendem em média 1,5 milhões de pacientes por ano em 
        diferentes exames médicos, o que gera para o instituto uma receita anual 
        de 18 milhões de reais. Este, entretanto, é um ramo da tecnologia nuclear 
        ainda pouco explorado no Brasil. Na Argentina, aproximadamente 4 milhões 
        de pessoas utilizam-se deste tipo de tratamento anualmente e o número 
        sobe para 20 milhões quando falamos nos EUA. Segundo José Roberto Rogero, 
        diretor de materiais do Ipen "uma tecnologia nuclear só é usada quando 
        ela é a melhor, a mais indicada ou quando não existe outra que possa substituí-la". 
         Ao Centro de Radiofarmácia 
        do Ipen foi conferido, no final do ano passado, pela Fundação Vanzolini, 
        a certificação ISO 9002. É o único centro do páis que produz radioisótopos 
        com aplicações médicas.  Além da área médica, 
        o Ipen atua junto a diversas instituições em questões de engenharia ambiental, 
        onde os resíduos sólidos e semi-sólidos são hoje um dos maiores problemas. 
        Em função disso, o instituto vem desenvolvendo uma metodologia de análise 
        e tratamento de resíduos. Um dos objetos de estudo é a divisão química 
        da Hoechst, localizada em Suzano (SP), que tem os seus resíduos analisados 
        e a partir dessa análise determinado o seu impacto no meio ambiente. Outra 
        aplicação de tecnologia desenvolvida no Ipen é na inspeção de vazamentos 
        do gasoduto Brasil-Bolívia, feita através de Irídio.  A partir do início 
        da década de 1980, o Ipen, através de sua Diretoria de Reatores, passou 
        a integrar o grupo de pesquisa organizado pela Marinha do Brasil, interessado 
        no desenvolvimento do sistema de propulsão de um submarino nuclear. O 
        domínio do ciclo do combustível do reator, incluindo o enriquecimento 
        do urânio, foi atingido em 1986, devido a essas pesquisas. Hoje, o Ipen 
        é responsável pela produção de todas as etapas dos combustíveis utilizados 
        em seus reatores de pesquisa.  |