| Proteção social na era da insegurança 
             Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento-Chile
 A oficina de três dias intutulada "A proteção 
              social em uma era de inseguraça social: uma troca sul-sul 
              para alternativas de políticas sociais que respondam à 
              globalização" aconteceu em Santiago, no Chile, 
              entre os dias 14 e 16 de maio de 2002. Essa oficina inter-regional 
              foi organizada pelo Programa das Nações Unidas para 
              o Desenvolvimento (Pnud) - Chile e foi co-patrocinada pela Presidência 
              do Chile, por relevantes centros de pesquisa de políticas 
              e universidades. Sua organização foi possível 
              graças ao apoio da Fundação Ford, da Fundação 
              OSDE (Argentina), da Unidade Especial para a Cooperação 
              Técnica entre Países em Desenvolvimento do Pnud (SU/TCDC, 
              sigla em inglês) e a colaboração da Fundação 
              Friederich Ebert. A oficina foi um desdobramento de uma iniciativa similar que aconteceu 
              em Beirute, Líbano, entre os dias 27 de fevereiro e 1o de 
              março de 2000, e que resultou em um processo de dois anos 
              de consultorias iniciado pela SU/TCDC para ajudar os países 
              do hemisfério sul a enfrentar os riscos da globalização, 
              formulando políticas de proteção social inclusivas 
              e igualitárias (veja www.tcdcwide.net/SSPGnet 
              e o artigo conceitual do SU/TCDC). A oficina reuniu 70 formuladores 
              de políticas, pesquisadores e líderes da sociedade 
              civil da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, China, Colômbia, 
              Costa Rica, Egito, Indonésia, Coréia, Malásia, 
              Peru, Filipinas, Uruguai e Venezuela (veja a lista de participantes 
              em www.sw.2002.org). Os objetivos da oficina foram: (a) proporcionar um fórum 
              para a troca de experiências em políticas sociais de 
              resposta à globalização, focalizando a proteção 
              social e o orçamento de políticas sociais; (b) identificar 
              deficiências de capacidades e "boas práticas"; 
              e (c) atingir um consenso sobre os elementos principais de um cenário 
              de trabalho inter-regional a ser desenvolvido. A oficina foi aberta pelo sub-secretário da presidência 
              chilena, o representante do responsável pelo SU/TCDC, o diretor 
              da Fundação OSDE e pelo representante residente do 
              Pnud no Chile, e recebeu ampla cobertura da mídia. As apresentações 
              foram organizadas em três temas substantivos: (1) debates 
              conceituais sobre os impactos da globalização na formulação 
              de políticas sociais no hemisfério sul; (2) observações 
              regionais sobre o estado atual e os desafios para a proteção 
              social e para as políticas orçamentárias sociais; 
              e (3) políticas e práticas nacionais relacionadas 
              à proteção social formal e informal e à 
              condução de orçamentos. A oficina retratou 
              o envolvimento conjunto das iniciativas das Nações 
              Unidas para a proteção social, com apresentações 
              da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da 
              Comissão Econômica para a América Latina e Caribe 
              (Cepal-Eclac), do Departamento das Nações Unidas de 
              Economia e Assuntos Sociais (Undesa, sigla em inglês), do 
              Instituto de Pesquisas das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
              Social (UNRISD, sigla em inglês) e da Comissão das 
              Nações Unidas sobre Segurança Sócio-econômica, 
              além de representantes locais da Unesco e da Unicef. O último 
              dia da oficina foi dedicado a um pequeno grupo de discussão 
              para identificar os elementos-chave de um programa inter-regional 
              (veja a agenda em www.sw2002.org). A oficina incluiu um esforço especial para incrementar o 
              Mercosul e o envolvimento da América Latina e para melhorar 
              a troca regional de análises e experiênciais. Esses 
              esforços desenvolveram-se durante meses e incluíram 
              a apresentação de artigos sobre países como 
              a Argentina, o Brasil, o Chile e o Uruguai; a realização 
              de encontros preliminares; e a participação de uma 
              quantidade razoável de delegados da América Latina 
              na oficina. Houve um grande envolvimento de pesquisadores chilenos de institutos 
              de pesquisa em políticas chilenas e universidades, bem como 
              de organizações sociais, tanto em atividades preparatórias 
              - dois seminários preliminares foram realizados em meses 
              precedentes - como na própria oficina. Após o fechamento 
              da oficina inter-regional, uma seção especial foi 
              dedicada a apresentar e discutir as principais conclusões 
              do evento para autoridades da iniciativa privada em proteção 
              social, organizações sociais, especialistas da academia 
              e do governo. Outro encontro foi realizado para apresentar as principais 
              conclusões da oficina para a assembléia representativa 
              de líderes de associações e para o público 
              em geral. A abertura da oficina foi marcada por um discurso feito por Guy 
              Standing, da Organização Internacional do Trabalho, 
              que deu a tônica do evento e que fez uma forte e ampla crítica 
              à estrutura conceitual que tem sustentado a política 
              de proteção social. Em particular, o seu discurso 
              criticou o caráter seletivo dos benefícios do esquema 
              liberal-social de proteção social (em que o beneficiário 
              precisa comprovar sua condição para ter o direito 
              à proteção), em oposição ao conceito 
              de proteção social como um direito humano. Sua visão 
              foi atentamente refutada por Barbara Stallings, da ECLAC, que elogiou 
              o compromiso da oficina tanto em tratar da proteção 
              social quanto ao orçamento social, e destacou a necessidade 
              de certa focalização de esforços para a proteção 
              social em países do hemisfério sul, considerando suas 
              grandes limitações de recursos. Seguiram-se comentários 
              de participantes, que geraram um vívido debate crítico 
              que se alongou durante todo o evento. A oficina discutiu várias boas práticas nos países 
              participantes e levou o debate para além das medidas emergenciais, 
              além de medidas de proteção social compensatórias, 
              tais como "fundos sociais", para discutir políticas 
              sociais inclusivas e relativas a reformas fiscais. A oficina discutiu 
              também artigos regionais da China, Indonésia, Coréia, 
              Malásia e das Filipinas, na Ásia; de países 
              árabes e da África; além de Argentina, Costa 
              Rica, Brasil, Chile e Uruguai, na América Latina (ver Agenda 
              e Reports em www.sw2002.org). As principais conclusões da oficina foram ordenadas em torno 
              de três questões principais:A necessidade de novos contratos sociais no hemisfério 
              sul, que assegurem o direito a uma adequada proteção 
              social para a maioria dos cidadãos que estão mais 
              inseguros, devido à globalização e devido aos 
              esquemas de proteção correntes. A oficina reconheceu 
              o fato de que, os atuais esquemas de proteção social 
              tem, por um lado, incentivado a participação da iniciativa 
              privada na proteção social - a qual, não sem 
              problemas, atende a um quinto ou um quarto dos cidadãos de 
              renda superior - e, por outro lado, têm desenvolvido esquemas 
              públicos que atuam para o quinto mais pobre da população 
              e que, até certo ponto, estão diminuindo sua atuação. 
              Em relação à vasta maioria da população, 
              entretanto, os atuais esquemas de proteção social 
              têm se mostrado bastante ineficientes e necessitam de uma 
              reforma urgente.
 
 
 Surgimento de demanda de novos níveis de orçamento 
              social público total. A oficina reconheceu que as despesas 
              sociais totais, em muitos países do hemisfério sul, 
              têm crescido significativamente - na ordem de duas ou três 
              vezes, durante a última década. Mesmo durante a presente 
              crise global, muitos países do hemisfério sul têm 
              mantido e mesmo aumentado suas despesas na área social. Não 
              obstante, os níveis atuais de despesas em políticas 
              sociais parecem insuficientes - mesmo nos melhores casos analisados 
              - e altamente limitados - na maioria dos casos - para providenciar 
              proteção social adequada para a maioria das populações. 
              De qualquer maneira, a necessidade de um melhor uso dos fundos disponíveis, 
              a oficina enfatizou a necessidade de abrir novas fones de rendimento 
              fiscal, para que sejam assegurados aumentos consistentes da proteção 
              social, incluindo melhores e ampliadas políticas de impostos.
 
 Da privatização à cooperação 
              público-privado em proteção social. A experiência 
              em países analisados na oficina mostrou que a privatização 
              da proteção social, destacadas pelas atuais políticas, 
              mesmo que tenha gerado novos serviços privados de proteção 
              social e financiamento, tem resultado em grande deterioração 
              de serviços públicos e em diminuições 
              dos gastos públicos em política social, dos quais 
              a vasta maioria da população ainda depende. Por um 
              lado, regulações insuficientes ou mal concebidas têm 
              criado graves ineficiências na proteção social 
              privada e na relação público-privado, resultando 
              em altos custos, na discriminação contra aqueles que 
              têm baixa renda e em alto risco na filiação 
              à iniciativa privada envolvida na proteção 
              social. A oficina reforçou a necessidade de uma nova maneira 
              de pensar a relação público-privado referente 
              à proteção social, que enfatize a necessidade 
              de um vigoroso impulso para reconstruir serviços de alta 
              qualidade, eficientes, voltados a um público maciço, 
              e a necessidade de uma regulação adequada, tanto para 
              a atuação da iniciativa privada na proteção 
              social, como para sua relação com o setor público, 
              e que assegure uma operação eficiente de ambos.
 Os participantes recomendaram a consolidação desse 
                diálogo para reforçar a rede eletrônica inter-regional, 
                já posta por essa iniciativa. A oficina contribuirá 
                para a rede com a publicação planejada de material 
                relevante e de um vídeo editado dos principais debates, 
                os quais estão disponíveis no site 
                do workshop e no site do Pnud. 
                
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