| Poluição 
              sonora piora o ambiente urbano Todo 
              ruído que causa incômodo pode ser considerado poluição 
              sonora. A noção do que é barulho pode variar 
              de pessoa para pessoa, mas o organismo tem limites físicos 
              para suportá-lo. Barulho em excesso pode provocar surdez 
              e desencadear outras doenças, como pressão alta, disfunções 
              do aparelho digestivo e insônia. Distúrbios psicológicos 
              também podem ter origem no excesso de ruído. As 
              cidades brasileiras têm o respaldo de leis federais para impedir 
              a poluição sonora mas preferem o progresso à 
              saúde de seus habitantes. O progresso implica no aumento 
              da produção do ruído: os principais vilões 
              da poluição sonora em cidades são o tráfego 
              e a construção civil. O aumento do número de 
              carros e de construções está ligado ao crescimento 
              das populações urbanas, que precisam de transporte 
              e habitação. A instalação de comércio 
              e indústria em áreas antes estritamente residenciais 
              aumenta a incidência do problema.  "Na 
              cidade de São Paulo há vários exemplos, como 
              a desvalorização dos imóveis da área 
              em que o Minhocão foi construído e, mais recentemente, 
              o aumento do ruído em prédios comerciais que adotaram 
              geradores de energia para fugir do racionamento", explica o 
              técnico Nivaldo dos Santos, do Laboratório de Acústica 
              do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São 
              Paulo, IPT. Santos lembra que a cidade foi pioneira na criação 
              de leis de regulamentação da poluição 
              sonora: em 1976 a prefeitura municipal contratou os serviços 
              do instituto para realizar medições do ruído 
              em diversos pontos espalhados pela cidade.  A informação 
              foi usada para elaborar a primeira lei de regulamentação 
              da poluição sonora. A norma perdeu sua utilidade com 
              a mudança do zoneamento da cidade e, hoje, a fiscalização 
              está a cargo do Programa de Silêncio Urbano (Psiu) 
              , que se preocupa apenas com casas noturnas. "Em ruas e avenidas 
              os produtores de ruído são móveis: caminhões, 
              carros, por isso não há como autuá-los", 
              diz Santos. No caso de comércios e indústrias a população 
              pode acionar a fiscalização da prefeitura, que pede 
              ao IPT a medição do ruído produzido e a correção 
              acústica do projeto, sob ameaça de multas. 
               
                | Residências Como 
                    fazer para proteger sua casa do barulho das ruas? Para os 
                    especialistas, a melhor proteção é a 
                    prevenção. Engenheiros conseguem calcular o 
                    nível de ruído ainda na planta e escolher o 
                    material mais adequado para o isolamento acústico ideal. 
                    No caso de prédios comerciais e industriais é 
                    necessário apresentar um projeto acústico para 
                    que a obra seja aprovada. O mesmo não é exigido 
                    na construção de prédios residenciais. 
                    Ainda não existe no Brasil um parâmetro oficial 
                    para controle dos níveis de isolamento nas residência. 
                    As leis sobre a emissão de ruídos, que se baseiam 
                    nas normas da ABNT, não são aplicáveis 
                    aos níveis de isolamento residencial. Assim o consumidor 
                    tem mais dificuldades de exigir que seu imóvel seja 
                    bem isolado acusticamente e o proteja do barulho que reina 
                    do lado de fora. |  Na 
              cidade de Curitiba a poluição sonora é controlada 
              pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que atende reclamações 
              de moradores e fiscaliza os locais críticos na cidade. Um 
              estudo feito pelo professor Paulo Henrique Trombetta Zannin, do 
              Laboratório de Acústica Ambiental do Centro Politécnico 
              da Universidade Federal do Paraná, comparou os níveis 
              de ruído na cidade em 2000 e 1992 e constatou que ele diminuiu 
              9.4%, graças a fiscalização do trânsito. 
              Com a instalação de radares e redução 
              do limite de velocidade nas áreas centrais e residenciais 
              o barulho caiu para menos de 65 decibéis. "Nos países 
              de terceiro mundo não há uma política de prevenção 
              da poluição sonora. Mesmo em uma cidade como Curitiba, 
              considerada um exemplo de urbanização", explica 
              Zannin. A pesquisa de seu grupo avaliou um aspecto pouco explorado 
              por estudiosos: a opinião da população. Sua 
              equipe entrevistou a população e descobriu que os 
              habitantes da cidade sentem que o barulho causa dores de cabeça, 
              insônia e irritação, entre outros sintomas. 
              Apesar do número de locais que ultrapassam os limites de 
              ruído permitidos ter caído de 93.4% para 80.6% em 
              2000, comparado com 1992, as pessoas acreditam que o nível 
              de ruído no local onde vivem aumentou nos últimos 
              cinco anos e citam como causas o barulho dos vizinhos e o tráfego. 
              
 
               
                | O 
                    Departamento de Habitação e Desenvolvimento 
                    Urbano dos Estados Unidos recomenda para as áreas residenciais 
                    as seguintes medidas |   
                | Até 
                    49dB | Claramente 
                    aceitável | O 
                    ruído de uma sala de estar chega a 40 dB  |   
                | de 
                    50dB a 62dB | Normalmente 
                    aceitável | Um 
                    grupo de amigos conversando em tom normal chega a 55dB |   
                | de 
                    63dB a 76dB | Normalmente 
                    inaceitável | O 
                    ruído de um escritório chega a quase 64dB |   
                | acima 
                    de 76dB | Claramente 
                    inaceitável | Um 
                    caminhão pesado trafegando chega a 74dB, o tráfego 
                    de uma avenida de grande movimento pode chegar aos 85dB |  (AB)     |