Arquivo da categoria: artigo

O que sustenta a convivência na diferença? Reflexões dos Centros de Convivência da saúde a partir de suas vivências híbridas

Por Gal Soares De Sordi e Juliana Maria Padovan Aleixo

Os Centros de Convivência da saúde são dispositivos que se apresentam estrutural e simbolicamente de portas abertas para os encontros na diversidade humana, na desafiadora e complexa ação de conviver, e têm em sua constituição os ideários da Reforma Psiquiátrica Brasileira e do Movimento Antimanicomial. Continue lendo O que sustenta a convivência na diferença? Reflexões dos Centros de Convivência da saúde a partir de suas vivências híbridas

Acadêmicos, entre o desejar e o pontuar

Por Marcus C.R. Teshainer

Não podemos ser ingênuos em acreditar que as políticas de gestão e concepção da produção e transmissão do saber são sem consequências. O adoecimento da população acadêmica está aí para mostrar que algo não está bem na maneira como a academia está sendo desenhada. Talvez o foco devesse ser muito maior no desejo presente em quem escolhe pesquisar, ou ensinar, do que nos números que representam uma produção desencarnada. Continue lendo Acadêmicos, entre o desejar e o pontuar

Precisamos falar sobre o cuidado à saúde mental na gestação

Por Renata C. S. de Azevedo

A gestação e a chegada de um novo bebê indicam um período incomparável de mudanças e esperança no futuro, e representam experiências de bem-estar e alegria para a maioria das mulheres. Todavia, alguns problemas físicos e mentais estão intrinsecamente relacionados à gestação e podem resultar em graves complicações ou morte. Contrariamente ao que se supunha há algumas décadas, a gestação não protege contra a ocorrência, recorrência ou agravamento de Transtornos Mentais (TM). Continue lendo Precisamos falar sobre o cuidado à saúde mental na gestação

Para além da saúde mental na escola

Por Maria Clara Rabelo

No contexto escolar não basta falar em saúde mental é preciso ir além. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) definem saúde mental como algo mais do que a ausência de transtornos mentais ou deficiências. Ela é parte integrante e essencial da saúde que é representada por um estado de bem-estar no qual um indivíduo pode realizar suas próprias habilidades, lidando com as tensões normais da vida, podendo trabalhar de forma produtiva e sendo capaz de contribuir com a sua comunidade. Continue lendo Para além da saúde mental na escola

Educador. Educa a dor. Um ensaio sobre a importância do estudo de psicanálise para a (re)construção do sujeito-aluno

Por Priscila Blazko

Professores responsáveis: Antonio C. de Ávila Jacinto e Eloisa Helena R. Valler Celeri

Trabalho de conclusão do curso “Clínica Psicanalítica para adolescentes”, ministrado entre março e dezembro de 2019 na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e oferecido pela Extecamp.

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O livro custa caro? Reflexões sobre preço e valor do livro

Por Haroldo Ceravolo Sereza

A sensação de que o preço do livro é alto deriva não de um aumento real do preço do produto, que se tornou mais barato num momento de aumento de renda dos mais pobres. Ou seja, havia um duplo movimento que favoreceria a percepção do barateamento do livro. Essa percepção não se materializa por uma pressão contrária: nos últimos anos o capitalismo não apenas nos tomou tempo de lazer para transformá-lo em trabalho, mas tomou também tempo de descanso para transformá-lo, por meios digitais, em consumo. Continue lendo O livro custa caro? Reflexões sobre preço e valor do livro

Ideia de tradução definitiva é tão fetichista quanto a de gravação musical final

Por Irineu Franco Perpetuo

Cada geração, cada cultura e cada país relê, reescreve e retraduz a seu modo as obras de arte que encara como clássicas – e que adquirem tal status justamente por sua capacidade de superar as circunstâncias locais e temporais. Uma nova tradução traz as marcas de sua época, com escolhas que refletem prioridades e preocupações de quando e onde foi feita. Na sábia formulação de Boris Schnaiderman [na foto acima], a tradução não é uma mera operação linguística: “para traduzir, fazemos transposição de um texto para uma outra cultura”. Continue lendo Ideia de tradução definitiva é tão fetichista quanto a de gravação musical final

E o escritor? Não “faz jus” à remuneração?

Por Carlos Orsi

Pedir a um autor que pague para trabalhar beira o escárnio. Claro, isso às vezes é inevitável, e todo profissional, em algum momento, se vê aplicando suas habilidades e perícias de modo voluntário, como um favor, numa emergência, para ajudar uma causa ou um amigo. Mas essas deveriam ser as exceções e não, como acontece com o ofício de escritor no Brasil, a regra. Publicar literatura no Brasil é uma atividade econômica de alto risco. O que não é um fato bruto, mas uma escolha historicamente construída, é a solução que o sistema literário brasileiro encontrou para o problema: descarregar esse risco sobre os ombros do autor. Continue lendo E o escritor? Não “faz jus” à remuneração?

Clube do Livro para Leitores Extraordinários: uma gota em um oceano de necessidades

Por Renato Roschel

Projeto do Instituto Mojo de Comunicação Intercultural edita obras em domínio público em formato impresso atrativo e usa parte dos recursos arrecadados com a venda dos livros físicos para viabilizar a versões digitalizadas gratuitas que podem ser lidas tanto pela minoria que usa leitores digitais (Kobe e Kindle) quanto pela grande maioria que lê em celulares. Em 2019, o Clube foi indicado para o Prêmio Jabuti de fomento à leitura e também destaque na Bienal de Design de Curitiba. Continue lendo Clube do Livro para Leitores Extraordinários: uma gota em um oceano de necessidades

Livros personagens de livros

Por Peter Schulz

“É clássico aquilo que permanece como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível”. Esta é a última das quatorze proposições sobre o que seriam clássicos na introdução de Por que ler os clássicos de Italo Calvino. Portanto, clássico é mais amplo do que a ideia de cânone e uma das coisas que surgem como rumor são os livros (ou bibliotecas) como personagens ou cenário principal de si mesmos, ou melhor, de outros livros. Livros que contam também as estranhas relações entre pessoas e livros. Por isso lembro o erudito Peter Kien, protagonista de Auto de fé de Elias Canetti, isolado das pessoas e avesso aos encantos da academia, devotado apenas aos livros. Kien declara no início de sua penitência a possibilidade de livros serem quase humanos: Continue lendo Livros personagens de livros