Arquivo da categoria: artigo

As unidades de conservação brasileiras por ocasião dos 20 anos da criação do SNUC: um panorama

Por José Augusto Drummond

As UCs tiveram e têm inimigos numerosos, muitos deles poderosos e que expressam cada vez mais abertamente a sua inimizade. A persistência das UCs e a continuidade dos seus problemas mais sérios convivem entre si de forma complexa e por vezes frustrante. Continue lendo As unidades de conservação brasileiras por ocasião dos 20 anos da criação do SNUC: um panorama

O ocaso do acadêmico público?

Por Peter Schulz

A importância desse acadêmico que não se limita a ser especialista pudemos ver durante a pandemia de covid-19, crise que levou vários cientistas a atravessarem as fronteiras com o público, desempenhando um papel crucial no combate à desinformação tão nociva à sociedade Continue lendo O ocaso do acadêmico público?

Da neutralidade à IA decolonial

Por Nina da Hora

A ciência nunca esteve isenta das influências e construções históricas e sociais do colonialismo. Enquanto a Revolução Industrial é frequentemente retratada como o catalisador do avanço tecnológico, é crucial reconhecer que essa narrativa está profundamente enraizada em uma perspectiva ocidental que muitas vezes ignora ou minimiza as contribuições e inovações de culturas não ocidentais. A Revolução Industrial, que começou no final do século XVIII, coincidiu com o auge do colonialismo europeu. Esse período viu a rápida expansão das tecnologias de manufatura, transporte e comunicação, principalmente nas nações ocidentais. No entanto, esse progresso foi amplamente alimentado pela exploração de territórios e povos colonizados, criando um ciclo de avanço tecnológico e expansão colonial que reforçou a dominância ocidental nos campos científico e tecnológico. Continue lendo Da neutralidade à IA decolonial

Devolução de bens culturais: a decolonialidade como bússola e freio

Por Rodrigo Christofoletti

 Meia década após a publicação do relatório escrito em parceria pelo senegalês Felwine Sarr e a francesa Bénédicte Savoy, intitulado A Restituição do Patrimônio Cultural Africano. Rumo a uma Nova Ética Relacional, encomenda expressa do presidente francês, Emmanuel Macron, o tópico da devolução e repatriação de objetos de arte adquiridos pelas grandes potências em tempos de colonização, via de regra, por meio de saques intencionais, nunca teve tanta visibilidade. A devolução/restituição de bens culturais tornou-se uma questão cada vez mais proeminente para a diplomacia cultural, refletindo uma mudança nas discussões políticas Norte-Sul no sentido de um diálogo renovado sobre a cultura. Continue lendo Devolução de bens culturais: a decolonialidade como bússola e freio

O inglês como forma de colonialidade do saber na ciência

Por Robson Fernandes e Marcia Alvim

Inúmeros fatores históricos e geopolíticos corroboraram para a utilização da língua inglesa em escala global. No que se refere a produção científica, o inglês é considerado a língua franca das ciências, permitindo que pesquisadores de várias nações compartilhem informações usando um idioma comum. O crescimento constante no número de artigos científicos publicados em inglês demonstra sua ampla adoção por pesquisadores, cientistas, periódicos e repositórios, incluindo aqueles de países que não falam inglês como língua materna. Este processo também abrange propostas de internacionalização das instituições de pesquisa e ensino, bem como a avaliação de pesquisadores e rankings acadêmicos. Continue lendo O inglês como forma de colonialidade do saber na ciência

Uma internet mais saudável depende da adoção de tecnologias abertas e livres

Por Rodrigo Ghedin

Com a promessa de conectar pessoas no ambiente digital, empresas como a Meta e o X (antigo Twitter) nos tornaram prisioneiros em plataformas que trocam pequenas doses de dopamina por pares de olhos dispostos a consumirem anúncios pelo maior tempo possível. Continue lendo Uma internet mais saudável depende da adoção de tecnologias abertas e livres

Saúde mental na esfera digital

Por Nara Helena Lopes

O excesso de exposição digital e a diminuição do contato interpessoal afeta a capacidade empática, a possibilidade de se colocar em perspectiva com o outro e com seus sentimentos, uma das habilidades mais essenciais do ser humano.

[crédito da imagem: Federico Morando] Continue lendo Saúde mental na esfera digital

Por que o Brasil precisa de dados de satélites?

Por Luiz Aragão

A resposta desta pergunta deveria ser tão óbvia para a sociedade e tomadores de decisão quanto explicar por que precisamos de infraestruturas críticas, voltadas para as comunicações, o provimento de energia, os transportes, o fornecimento de água e alimentos, entre outras. Não há dúvidas que estas possuem papel estratégico, já que são essenciais para a soberania e segurança nacional, o nosso bem-estar e sobretudo para consolidar o desenvolvimento do país. Pois bem, afirmo que: para o Brasil, a infraestrutura espacial para a aquisição de dados de satélites de observação da Terra também é crítica. Em um país com cerca de 8,5 milhões de km2 de território, somados a mais de 3,6 milhões de km2 de mar territorial, não há como planejar ações eficientes, em prol da sociedade, sem monitoramento contínuo do vasto território. Torna-se inviável prover diagnósticos e previsões sobre o clima, os eventos extremos, as emissões de gases de efeito estufa, a produção agrícola, o uso dos recursos naturais, o crescimento urbano, os oceanos, e as fronteiras, sem o uso de dados de satélites orbitais, que requerem um desenvolvimento científico e tecnológico de ponta. Continue lendo Por que o Brasil precisa de dados de satélites?

Diga sim à exploração do espaço e não ao capitalismo espacial

publicado originalmente na revista Jacobin(a) em julho de 2021

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De Manchester ao Vale do Silício – Como os distritos do conhecimento substituíram os distritos industriais

Por Gabriela Celani e Marcela Noronha

 Ao longo do século XX, muitos municípios brasileiros estabeleceram seus distritos industriais, reservando parte de seu território para receber um tipo de atividade econômica com demandas específicas, como disponibilidade de grandes lotes, acesso à água e à energia elétrica, acessibilidade por ferrovias ou rodovias e proximidade a mão de obra, além de incentivos fiscais. Esse tipo de distrito contribuiu para o enriquecimento de muitas cidades. Assim, Sorocaba passou a ser conhecida como a Manchester paulista, Juiz de Fora como a Manchester mineira etc., em referência à cidade inglesa que foi o berço da Revolução Industrial. Entre as décadas de1950 e 1980, a economia brasileira cresceu de maneira extraordinária, a uma média de 4,5% ao ano, com forte contribuição da indústria de transformação[1]. Contudo, a partir da segunda metade da década de 80, o país viveu um processo de desindustrialização[2]. Continue lendo De Manchester ao Vale do Silício – Como os distritos do conhecimento substituíram os distritos industriais