Fake science existe já há um bom tempo sob o nome de pseudociência, algo que quer se passar por ciência sem ter o seu estatuto. Existem critérios para diferenciar a pseudociência da ciência, pois, como diz o filósofo da ciência Bruno Latour, “o objetivo da ciência não é produzir verdades indiscutíveis, mas discutíveis”. As verdades discutíveis são refutáveis e “verdades” indiscutíveis são pós-verdades, “verdades” da pseudociência. No entanto, em tempos pós-verdadeiros, a atividade científica é também ameaçada pela falta de rigor nos mesmos cuidados necessários para identificar as fake news cotidianas.Continue lendo Falsa ciência e pós-ciência?→
Nos últimos anos temos visto um crescente interesse pela obra do mais celebrado compositor brasileiro tanto no Brasil quanto no exterior.No presente artigo, examinaremos dois ciclos de obras contrastantes e seminais na produção do compositor, os “Chôros” e as Sinfonias. Estes ciclos, que nas suas versões integrais nunca tinham sido contemplados até o final do século XX, vêm recebendo atenção por parte de importantes orquestras sinfônicas oficiais através de ambiciosos projetos de gravações. É o caso tanto das sinfonias quanto a série dos “Chôros”, cuja singularidade sempre a tornou um desafio imenso de ser realizado. Continue lendo Villa-Lobos revisitado→
O jornalismo passa, há alguns anos, por uma mudança drástica em sua forma de produção, graças à revolução digital promovida pela internet. Ainda que estejamos no meio do processo e sem saber exatamente para onde ele irá nos levar, sentimos diariamente seu impacto em nosso trabalho. Continue lendo Algumas notas sobre jornalismo e música clássica→
No final dos anos 1990, a equipe do Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo reunia-se semanalmente para debater pautas futuras. Cada repórter dizia no que estava trabalhando, as ideias eram discutidas por toda a equipe, matérias eram programadas. De tempos em tempos, no entanto, chegava a notícia de que naquele dia a reunião seria “conceitual”, o que acontecia sempre que o editor Evaldo Mocarzel sentia a necessidade de repensar a proposta do caderno. Eram reuniões longas, seguiam noite adentro, com debates acalorados entre os repórteres, críticos e colaboradores freelancers, que eram convocados às pressas para a conversa. Continue lendo Um sentido para o jornalismo musical→
Escrever sobre música para o grande público é uma atividade desafiadora para qualquer autor. Os motivos são muitos porém o principal é a evidente constatação que a linguagem musical não é dominada e codificada pela grande maioria da população. Ao tratar especificamente da história da música erudita brasileira, a qual é um objeto de análise extremamente amplo, tanto com relação ao longo período de tempo a ser coberto como também com relação ao grande volume de produção, há o agravante de termos diversas lacunas documentais a serem preenchidas ou em fase de pesquisa. Continue lendo História concisa da música clássica brasileira, de Irineu Franco Perpetuo→
Uma das vertentes da musicologia, ciência que estuda os diversos aspectos envolvidos no fazer musical, é a exploração da vida musical em determinada região. No caso específico deste artigo, trataremos de Manuel José Gomes (Santana do Parnaíba, 1792-Campinas, 1868), o Maneco Músico, que, apesar de viver grande parte de sua vida em Campinas, SP, teve uma atividade representativa da prática musical do Brasil no século XIX. Continue lendo ‘Maneco Músico’, pai e mestre do maestro Carlos Gomes→