Da neutralidade à IA decolonial

Por Nina da Hora

A ciência nunca esteve isenta das influências e construções históricas e sociais do colonialismo. Enquanto a Revolução Industrial é frequentemente retratada como o catalisador do avanço tecnológico, é crucial reconhecer que essa narrativa está profundamente enraizada em uma perspectiva ocidental que muitas vezes ignora ou minimiza as contribuições e inovações de culturas não ocidentais. A Revolução Industrial, que começou no final do século XVIII, coincidiu com o auge do colonialismo europeu. Esse período viu a rápida expansão das tecnologias de manufatura, transporte e comunicação, principalmente nas nações ocidentais. No entanto, esse progresso foi amplamente alimentado pela exploração de territórios e povos colonizados, criando um ciclo de avanço tecnológico e expansão colonial que reforçou a dominância ocidental nos campos científico e tecnológico. Continue lendo Da neutralidade à IA decolonial

Devolução de bens culturais: a decolonialidade como bússola e freio

Por Rodrigo Christofoletti

 Meia década após a publicação do relatório escrito em parceria pelo senegalês Felwine Sarr e a francesa Bénédicte Savoy, intitulado A Restituição do Patrimônio Cultural Africano. Rumo a uma Nova Ética Relacional, encomenda expressa do presidente francês, Emmanuel Macron, o tópico da devolução e repatriação de objetos de arte adquiridos pelas grandes potências em tempos de colonização, via de regra, por meio de saques intencionais, nunca teve tanta visibilidade. A devolução/restituição de bens culturais tornou-se uma questão cada vez mais proeminente para a diplomacia cultural, refletindo uma mudança nas discussões políticas Norte-Sul no sentido de um diálogo renovado sobre a cultura. Continue lendo Devolução de bens culturais: a decolonialidade como bússola e freio

O inglês como forma de colonialidade do saber na ciência

Por Robson Fernandes e Marcia Alvim

Inúmeros fatores históricos e geopolíticos corroboraram para a utilização da língua inglesa em escala global. No que se refere a produção científica, o inglês é considerado a língua franca das ciências, permitindo que pesquisadores de várias nações compartilhem informações usando um idioma comum. O crescimento constante no número de artigos científicos publicados em inglês demonstra sua ampla adoção por pesquisadores, cientistas, periódicos e repositórios, incluindo aqueles de países que não falam inglês como língua materna. Este processo também abrange propostas de internacionalização das instituições de pesquisa e ensino, bem como a avaliação de pesquisadores e rankings acadêmicos. Continue lendo O inglês como forma de colonialidade do saber na ciência

Grandes periódicos científicos, um baita negócio (para eles)

Por Sabine Pompeia

O desenvolvimento científico em países emergentes tem sido limitado por multinacionais estrangeiras que, hoje, controlam toda a cadeia de publicação e avaliação de artigos científicos e cobram cada vez mais caro por isso. Continue lendo Grandes periódicos científicos, um baita negócio (para eles)

Ocupação do continente americano: controvérsias exemplificam como a ciência é construída

Por Daniel Rangel

Imagem: Fundação Museu do Homem Americano

Segundo o filósofo Thomas Kuhn, as ciências operam em períodos de normalidade, quando paradigmas e conceitos estão bem estabelecidos, e em períodos de crise, quando as ideias vigentes não são capazes de explicar incongruências de novos dados e experimentos. A tentativa de estabelecer uma história sobre a ocupação humana no continente americano passou por um período de consenso, mas desde a década de 1970 novas descobertas aumentam a complexidade e o leque de perguntas sem respostas sobre essa história.

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Clique aqui para acessar o conteúdo do dossiê Privacidade Digital

Este dossiê foi concebido pelo colega Rogério Bordini – a quem agradecemos por sua dedicação –, que está cursando a Especialização em Jornalismo Científico do Labjor-Unicamp, na disciplina Oficina de Jornalismo Científico 1, ministrada por Marina Gomes e Ricardo Whiteman Muniz entre julho e novembro de 2023. Continue lendo Clique aqui para acessar o conteúdo do dossiê Privacidade Digital

Uma internet mais saudável depende da adoção de tecnologias abertas e livres

Por Rodrigo Ghedin

Com a promessa de conectar pessoas no ambiente digital, empresas como a Meta e o X (antigo Twitter) nos tornaram prisioneiros em plataformas que trocam pequenas doses de dopamina por pares de olhos dispostos a consumirem anúncios pelo maior tempo possível. Continue lendo Uma internet mais saudável depende da adoção de tecnologias abertas e livres

_revista de jornalismo científico do Labjor