Arquivo da categoria: artigo

Gênero e raça na interface tecnociência, cultura e política

Por Márcia Maria Tait Lima e Paula Carolina Batista

O saber da ciência moderna e todo saber hegemônico naturalizou a dicotomia masculino/feminino assim como outras como mente e corpo, razão e emoção, cultura e biologia, relacionando o feminino ao polo menos prestigiado dessas dicotomias. Assim, a ciência tem produzido e reproduzido, ao longo da história, conhecimentos que não atendem os interesses emancipatórios feministas, de “produzir e disseminar saberes que não sejam apenas sobre ou por mulheres, mas também de relevância para as mulheres e suas (nossas) lutas”. Continue lendo Gênero e raça na interface tecnociência, cultura e política

Estudo de comunicação de ciência: O que ocorre em seguida? Experiências na University of the West of England (UWE)

Por Clare Wilkinson

Nos últimos anos vem acontecendo uma explosão de opções para estudantes que estejam interessados em desenvolver suas habilidades de comunicação de ciência, mas será que você precisa de um curso em comunicação de ciência? Desde Dance seu doutorado, passando por um breve curso de verão sobre comunicação de ciência, até estudar um módulo dentro de estudos universitários, há todos os tipos de caminhos que podem levar um estudante a uma carreira de comunicação de ciência. Como poderá ser essa carreira? Continue lendo Estudo de comunicação de ciência: O que ocorre em seguida? Experiências na University of the West of England (UWE)

Falsa ciência e pós-ciência?

Por Peter Schulz

Fake science existe já há um bom tempo sob o nome de pseudociência, algo que quer se passar por ciência sem ter o seu estatuto. Existem critérios para diferenciar a pseudociência da ciência, pois, como diz o filósofo da ciência Bruno Latour, “o objetivo da ciência não é produzir verdades indiscutíveis, mas discutíveis”. As verdades discutíveis são refutáveis e “verdades” indiscutíveis são pós-verdades, “verdades” da pseudociência. No entanto, em tempos pós-verdadeiros, a atividade científica é também ameaçada pela falta de rigor nos mesmos cuidados necessários para identificar as fake news cotidianas. Continue lendo Falsa ciência e pós-ciência?

Villa-Lobos revisitado

Por Harry Crowl

Nos últimos anos temos visto um crescente interesse pela obra do mais celebrado compositor brasileiro tanto no Brasil quanto no exterior.No presente artigo, examinaremos dois ciclos de obras contrastantes e seminais na produção do compositor, os “Chôros” e as Sinfonias. Estes ciclos, que nas suas versões integrais nunca tinham sido contemplados até o final do século XX, vêm recebendo atenção por parte de importantes orquestras sinfônicas oficiais através de ambiciosos projetos de gravações. É o caso tanto das sinfonias quanto a série dos “Chôros”, cuja singularidade sempre a tornou um desafio imenso de ser realizado. Continue lendo Villa-Lobos revisitado

Algumas notas sobre jornalismo e música clássica

Por Camila Fresca

O jornalismo passa, há alguns anos, por uma mudança drástica em sua forma de produção, graças à revolução digital promovida pela internet. Ainda que estejamos no meio do processo e sem saber exatamente para onde ele irá nos levar, sentimos diariamente seu impacto em nosso trabalho. Continue lendo Algumas notas sobre jornalismo e música clássica

Um sentido para o jornalismo musical

Por João Luiz Sampaio

No final dos anos 1990, a equipe do Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo reunia-se semanalmente para debater pautas futuras. Cada repórter dizia no que estava trabalhando, as ideias eram discutidas por toda a equipe, matérias eram programadas. De tempos em tempos, no entanto, chegava a notícia de que naquele dia a reunião seria “conceitual”, o que acontecia sempre que o editor Evaldo Mocarzel sentia a necessidade de repensar a proposta do caderno. Eram reuniões longas, seguiam noite adentro, com debates acalorados entre os repórteres, críticos e colaboradores freelancers, que eram convocados às pressas para a conversa. Continue lendo Um sentido para o jornalismo musical

‘Maneco Músico’, pai e mestre do maestro Carlos Gomes

Por Lenita W. M. Nogueira

Uma das vertentes da musicologia, ciência que estuda os diversos aspectos envolvidos no fazer musical, é a exploração da vida musical em determinada região. No caso específico deste artigo, trataremos de Manuel José Gomes (Santana do Parnaíba, 1792-Campinas, 1868), o Maneco Músico, que, apesar de viver grande parte de sua vida em Campinas, SP, teve uma atividade representativa da prática musical do Brasil no século XIX. Continue lendo ‘Maneco Músico’, pai e mestre do maestro Carlos Gomes

Affetto e a atualidade de um princípio musical

Por Leonardo Martinelli

Ao longo de diversos períodos, estilos e práticas de diferentes tradições musicais no Ocidente, a relação entre a música e a expressividade ocupou lugar de destaque tanto na investigação teórica de cunho estético-filosófico quanto em questões de ordem prática, relacionadas ao cotidiano de intérpretes e criadores. Historicamente, do ponto de vista da teoria da música, os desdobramentos dessa relação direcionaram-se para um amplo debate em torno da semanticidade da música, o que por sua vez fomentou o desenvolvimento de uma noção da música enquanto linguagem que reverberou de forma intensa na própria prática musical. Continue lendo Affetto e a atualidade de um princípio musical

A tecnologia não diminuiu a qualidade social de se ouvir música

Por Daniel A. Gross, ilustração de Ellen Weinstein, tradução de Amin Simaika.
Publicado originalmente na revista Nautilus

Em uma noite do fim do verão de 2015, no South Street Seaport, uma quadra na extremidade sul de Manhattan (Nova York), centenas de pessoas colocavam fones de ouvido para mergulhar em seus próprios mundos. Era uma noite clara, perfeita para uma caminhada, mas elas não estavam interessadas nas lojas ou restaurantes. Estavam muito ocupadas sintonizando e curtindo uma “discoteca silenciosa”. Continue lendo A tecnologia não diminuiu a qualidade social de se ouvir música

Quarta revolução industrial – Adaptar-se à nova tecnologia ou perecer (mas é isso mesmo?)

Por Steven Poole

No livro de Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, o termo chave é “adaptar-se” ao mundo novo que a tecnologia criará. A ideia raramente é contestada, mas, na verdade, é uma atualização velada do darwinismo social, segundo o qual as pessoas que sobreviverem ao dilúvio robótico que se aproxima terão sido o tempo todo, por definição, os mais aptos. O apelo para nos adaptarmos implica que as circunstâncias em mutação que Schwab prevê são como forças inexoráveis da natureza. Mas, obviamente, não são. Continue lendo Quarta revolução industrial – Adaptar-se à nova tecnologia ou perecer (mas é isso mesmo?)