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Bit Tyrants: A economia política do Vale do Silício

Por Alexandre Costa Barbosa

Imagina-se dois garotos na garagem de uma casa no subúrbio de alguma cidade californiana tirando da cartola ideias de mudança estrutural da sociedade, criando soluções para um progresso qualitativo da humanidade. Acorda-se. Ainda no andar dos anos 2020 o mito do empreendedorismo de base tecnoló­gica “caseiro” ainda alimenta muitos imaginários de jovens, sobretudo homens heterossexuais de classe baixa, média e alta, bem como sustenta o racional dos atuais tomadores de decisão, sobretudo homens brancos heretossexuais de classe alta. Tendem a achar que as novas corporações da ou na Internet são melhores representações do “bom capitalismo”, destoando-se dos monopólios do petróleo, por exemplo. Alguns livros de economia e políticos neoliberais difundem a ideia de que o melhor vencerá a competição, uma condição da natureza humana. Na prática o que ocorre são acordos dara evitar a concorrência. Continue lendo Bit Tyrants: A economia política do Vale do Silício

Considerações pessoais sobre mídias sociais e eleições

Por Luis Felipe Miguel

A linguagem das redes favorece a direita: surfar no senso comum e nos preconceitos exige menos elaboração e um público menos atento do que um discurso crítico. Mas não há opção. Continue lendo Considerações pessoais sobre mídias sociais e eleições

Morte na era digital: como empresas de tecnologia dão novos sentidos ao luto

Por Bárbara Paro, Greta Garcia e Luís Botaro

“A atitude de anunciar uma morte tende a se reinventar na era da internet”. Era isso o que já previa a psicóloga Ana Luiza Mano, do Núcleo de Pesquisas em Psicologia em Informática (NPPI) da PUC-SP, em uma entrevista dada ao Valor Econômico em 2013. Nove anos de avanços tecnológicos depois, sua afirmação se mostra mais atual do que nunca. Hoje as tecnologias emergentes funcionam como plataformas para a readaptação de diversos rituais e práticas do luto, além de incentivarem a criação de novas maneiras de vivenciar esse processo ou de se planejar para a própria morte. Continue lendo Morte na era digital: como empresas de tecnologia dão novos sentidos ao luto

Sobre as ‘lives’, para ler ouvindo ‘Fala’, dos Secos & Molhados

Ou ouvindo ‘Fala tu que eu tô cansado’, por Jovelina Pérola Negra, composição de Edésio Só

 Por Ricardo Muniz Continue lendo Sobre as ‘lives’, para ler ouvindo ‘Fala’, dos Secos & Molhados

Instrumentação maquínica: como as plataformas sociais produzem nossa desmobilização política cotidiana

Por Rafael Evangelista

Enquanto o totalitarismo transforma a alma dos sujeitos, seu motor interior, o “instrumentarismo” trata os indivíduos como máquinas informacionais ou como animais em experimentos do behaviorismo radical: estímulos elaborados para a obtenção de determinadas ações. O modo de atuação do instrumentarismo envolve um conjunto complexo e variado de influências sutis, pouco ou nada perceptíveis, que operam sobre nós no contato com o digital. Assim, a saída pela ruptura não ocorreu: perto dos cem mil mortos, o Brasil empilha corpos e acumula indiferença frente àqueles que têm que se expor a níveis variados de risco para continuar sobrevivendo. Continue lendo Instrumentação maquínica: como as plataformas sociais produzem nossa desmobilização política cotidiana

2018: o ano em que a inteligência artificial e a burrice natural fecharam parceria

Por Marcelo Soares

Às vezes, gosto de provocar os amigos: “você tem mais medo da inteligência artificial ou da burrice natural?”

Conhecemos bem os efeitos da burrice natural. Já a inteligência artificial é praticamente uma incógnita no debate público, porque tem quase tantas definições quantos forem os objetivos. Continue lendo 2018: o ano em que a inteligência artificial e a burrice natural fecharam parceria

Revolução tecnológica, automação e vigilância

Por Sérgio Amadeu da Silveira

Sim, a confluência de tecnologias – da impressão 3D com a internet das coisas (IoT), da robótica com a neurociência, da inteligência artificial com a biologia sintética – poderá trazer produtos e serviços superiores. Mas não há indícios de que os produtos e serviços da quarta revolução industrial vão alterar a tendência de concentração econômica. A automação elimina postos de trabalho e cria outros: há quem indique um ganho líquido nesse processo. Ainda assim, também ganha força o debate sobre a necessidade de vincular a nova revolução a uma renda básica universal e de preservar os serviços públicos da invasão da “algoritmização” privada. Continue lendo Revolução tecnológica, automação e vigilância

Blockchain: além da bolha do Bitcoin

Por Steven Johnson

O que Satoshi Nakamoto (ninguém sabe quem ele é ou se na verdade é um coletivo de programadores) introduziu no mundo em 2008 foi uma maneira de concordar com o conteúdo de um banco de dados que não tivesse ninguém “no comando”, e uma forma de compensar as pessoas por ajudar a tornar esse banco de dados mais valioso, sem que essas pessoas estivessem numa folha de pagamento oficial ou detivessem ações numa entidade corporativa. Juntas, essas duas ideias resolveram o problema do banco de dados distribuído e o problema de financiamento. De repente havia uma forma de suportar protocolos abertos não disponíveis na infância do Facebook. A ideia do blockchain propõe soluções não estatais para excessos capitalistas como monopólios de informação. Todos devem ter direito a um armazenamento de dados privado, onde todas as várias facetas de sua identidade online sejam mantidas. Esses protocolos de identidade seriam desenvolvidos no blockchain, fonte aberta. Ideologicamente falando, aquele depósito de dados privados seria um verdadeiro esforço em equipe: construído como um ‘intellectual commons’, financiado por especuladores de ‘tokens’, apoiado por regulamentação do Estado. Continue lendo Blockchain: além da bolha do Bitcoin

Poder de automação: interferência de bots sociais na política global

Por Samuel C. Woolley

As formas como softwares sociais automáticos estão sendo implantados, bem como os grupos por trás da implantação, estão mudando. Os pesquisadores de ciência da computação descobriram que os bots sociais podem ser usados além da simples interação homem-bot, rumo a uma garimpagem em larga escala dos dados de usuário e verdadeira manipulação da opinião pública em sites como Facebook e Twitter.

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