Figuras em busca do azul

Por Antonio Risério

Confinamento e distanciamento interpessoal impostos pela peste são uma violentação antropológica com a qual teremos de conviver. Seremos obrigados a recriar nossas formas cinésicas e proxêmicas específicas, as brasileiras, de relacionamento. Ao mesmo tempo, tenho birra com a expressão “distância social”: adoto a distância física, mas com envolvimento social. A própria opção pelo isolamento é, neste momento, signo de solidariedade. O problema é que o país, empurrado por um governo destrambelhado e criminosamente irresponsável, mergulhou em estado de desorientação nacional. Diante da peste, surge em todo o mundo uma fantasia compensatória: a velha conversa de que a tragédia é véspera de uma nova e melhor humanidade, mais limpa, mais justa, mais fraterna. Não consigo acreditar nisso. Continue lendo Figuras em busca do azul

É preciso sobreviver sem surtar

Por Hamilton Octavio de Souza

Ilustração de Céllus Marcello Monteiro instagram celluscartum twitter @Cllus1 

Além de sofrer a ameaça fatal da pandemia, o brasileiro é vítima da irresponsabilidade de autoridades e da mais danosa degradação institucional. Só vai atravessar a difícil e tormentosa jornada da pandemia não apenas quem não for aleatoriamente colhido pelo vírus, não apenas quem souber se cuidar com total respeito e carinho pela vida, mas, também quem conseguir temperar as energias físicas e mentais sem ser consumido pelas pesadas cargas emocionais e psicológicas emanadas por realidade incontrolável e pelas forças tradicionais que exploram a nossa sociedade. Decididamente só vai sobreviver mesmo, em condições de atuar no presente e no futuro, quem não surtar durante todo esse período de brutal instabilidade e caótica transformação. Continue lendo É preciso sobreviver sem surtar

Aceleração, exceção e ruptura: disputas tecnopolíticas num mundo pandêmico

Por Rafael Evangelista

A rigor, ninguém tem ideia do que vai acontecer daqui pra frente, depois da emergência do SARS-CoV-2. Há vários fatores, ainda incertos, que podem alterar o cenário. Não sabemos na totalidade os efeitos da doença no corpo humano; se as pessoas de fato criam imunidade depois de contaminadas; sabemos que seu surgimento foi natural, mas estamos incertos sobre como e quando surgiu o vírus; e há muito ainda a se descobrir sobre o processo de transmissão, contágio e espalhamento aéreo do vírus pelo ar ou sobre sua vida em superfícies, entre outros fatores. Mas parece que, a depender não só do que ainda temos a descobrir, estamos numa encruzilhada, que se abre por três caminhos em disputa social e política global: a exceção, a ruptura e a aceleração. O desfecho, o pós pandemia, vai estar relacionado a como vamos interpretá-la e enfrentá-la agora, a partir dessas estratégias, que por sua vez estão ligadas a visões diferentes sobre a pandemia. Continue lendo Aceleração, exceção e ruptura: disputas tecnopolíticas num mundo pandêmico

O ‘cotidiano epidêmico’: a gripe espanhola e o novo coronavírus

Por Leandro Carvalho Damacena Neto

Neste breve artigo iremos analisar algumas características de duas pandemias, a gripe espanhola que grassou mundialmente entre 1918/1919 e o novo coronavírus (causador da Covid-19), que ainda faz vítimas no mundo inteiro. Continue lendo O ‘cotidiano epidêmico’: a gripe espanhola e o novo coronavírus

Reativando o futuro com o filósofo Franco ‘Bifo’ Berardi

Por Tainá Scartezini 

O que acabou, pondera o filósofo, não foi o futuro, e sim nossa capacidade de imaginá-lo Continue lendo Reativando o futuro com o filósofo Franco ‘Bifo’ Berardi

Como o método científico se aplica às pesquisas sobre o novo coronavírus

Por Carolina Sotério

Muito mais próximo de uma forma de reduzir incertezas, o método científico se consagrou historicamente por impulsionar a construção de novos conhecimentos. Continue lendo Como o método científico se aplica às pesquisas sobre o novo coronavírus

_revista de jornalismo científico do Labjor