Arquivo da categoria: artigo

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a que vida saudável e a qual bem estar nos levam?

Por Stephan Sperling

Não há ODS da ONU capaz de indicar vida saudável e bem estar para todos sem incorrer em contradição diante da forma como a economia política capitalista está estruturada. O cenário internacional acumula notícias sombrias a respeito do futuro do direito à saúde, como o desfecho da Conferência Global sobre Atenção Primária à Saúde (2018). Abandonando os marcos da universalidade do acesso ao cuidado e da fundamentação dos Sistemas de Saúde no direito à saúde, a Declaração de Astana rende-se ao capital financeirizado defendendo o aprofundamento da segmentação do acesso entre consumidores do setor privado e usuários do sistema público. Continue lendo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a que vida saudável e a qual bem estar nos levam?

ODS aplicados à avaliação educacional reacendem debate: afinal, o que é uma boa universidade?

Por Sabine Righetti

Rankings universitários avaliam e comparam universidades de um determinado país, de uma região ou do globo a partir de dados que, em geral, medem a produção científica dessas instituições, a qualidade do ensino e a relação das universidades com o setor produtivo. Recentemente, no entanto, os chamados ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), ações definidas pela ONU para erradicar a pobreza, para proteger o planeta e para promover a paz até 2030, orientaram a elaboração de uma nova classificação universitária importante que, no lugar de, por exemplo, medir quantidade de artigos científicos para definir as universidades de excelência, olhou para aspectos como o número de alunos de baixa renda e com deficiências no total de matriculados. Continue lendo ODS aplicados à avaliação educacional reacendem debate: afinal, o que é uma boa universidade?

Uma breve história (não gloriosa) das Nações Unidas

Por Peter Gowan, publicado originalmente na revista New Left Review nº 24, nov-dez/2003. Versão editada e resumida por Ricardo Muniz, tradução de Amin Simaika

Durante o século XX os líderes norte-americanos lançaram duas vezes ambiciosas instituições de segurança coletiva para solucionar conflitos internacionais. A cada vez, logo depois de lançados, os projetos eram subvertidos ou transformados pelos próprios Estados Unidos. A ideia de Wilson da criação de uma Liga das Nações naufragou com a oposição republicana no Senado. A concepção de Roosevelt das Nações Unidas foi abortada pela administração democrata de seu sucessor. Até 1950, a administração Truman, orientada por Dean Acheson, havia chegado a uma estrutura política bem diferente para gerenciar a política mundial, que não exigia desmantelar as Nações Unidas nem se retirar dela; a entidade mundial e suas agências desempenhavam demasiadas funções úteis aos Estados Unidos para isso. Porém significava reduzi-la a não mais que um papel secundário, como instrumento auxiliar da diplomacia americana. Continue lendo Uma breve história (não gloriosa) das Nações Unidas

Como Katie Bouman encontrou uma laranja na Lua

Por Marcelo Soares

Um século depois da observação do eclipse total do sol em Sobral, fotografado com imagens ampliadas 231 vezes para testar a teoria da relatividade geral, o mundo celebrou um novo teste feito com as tecnologias de ponta do novo século: imagens de altíssima definição feitas por supertelescópios ao redor do globo e isolando a parte relevante com o uso de inteligência artificial. Continue lendo Como Katie Bouman encontrou uma laranja na Lua

O eclipse de 1919 e as disputas pela ciência

Por Danilo Albergaria

A história da produção e da interpretação dos dados observacionais em 1919 constitui um cenário muito mais complicado do que o encontrado nas narrativas triunfalistas. O primeiro e mais persistente mito sobre a construção da ciência em nossa cultura é o de que os dados experimentais e observacionais constituem base objetiva para o teste e a avaliação das teorias. O segundo, mais novo, é o de que a produção e a interpretação dos dados empíricos são determinadas pelos vieses teóricos, ideológicos ou metafísicos dos cientistas envolvidos. Afirma-se, assim, um lugar-comum oposto ao da objetividade. Ambas são formulações perniciosas e jogam água no moinho da incompreensão sobre o funcionamento da ciência. Estudos posteriores mostraram que a confiança nos resultados de 1919 favoráveis à relatividade geral era justificada. Continue lendo O eclipse de 1919 e as disputas pela ciência

O eclipse de 1919 nos jornais: Einstein, Assis Chateaubriand e os cientistas brasileiros

Por Rogério Monteiro

Fama, reconhecimento no campo científico, financiamento e poder não são coisas que se separam facilmente. E não há como não se enroscar nessa rede quando comemoramos os experimentos em solo brasileiro do eclipse solar de 29 de maio de 1919. Há certamente uma tentativa de transferência de reconhecimento científico, simbólico, entre o grande nome da física do século XX, o Brasil e seus astrônomos. Continue lendo O eclipse de 1919 nos jornais: Einstein, Assis Chateaubriand e os cientistas brasileiros

Einstein ainda precisa provar sua inocência?

Por Peter Schulz

Por que essa insistência em anunciar em manchete uma descoberta científica como sendo mais uma prova de que Einstein estava correto? A teoria não precisa de mais provas, ela já é aplicada no cotidiano. Mas há outra insistência, que talvez explique a primeira: por que ainda tem gente que insiste que Einstein estava errado? O eclipse de 1919 não escapa, um século depois. Algumas medidas realizadas à época foram colocadas em dúvida, dando origem à “denúncia” de Richard Moody Jr. sobre a “conspiração” de Sobral e Príncipe. Mas em ciência, resultados importantes são reproduzidos para confirmar ou aparar arestas. E, no caso, foram repetidos inúmeras vezes (em particular durante eclipses em 1922, 1953 e 1973) por grupos diferentes. Confirmando sempre o mesmo resultado. Continue lendo Einstein ainda precisa provar sua inocência?

Relatividade no cotidiano

Por Carolina M. Idelfonço

A relatividade geral é a teoria moderna que descreve a gravidade e a conexão existente entre espaço e tempo. Seus conceitos de dilatação temporal e contração espacial parecem elementos de filmes de ficção científica, mas na verdade são recorrentes no dia a dia e aplicados em discos rígidos, microondas, aparelhos de ressonância magnética e sistemas de GPS. Continue lendo Relatividade no cotidiano