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Dossiê Agenda 2030 da ONU

O que é a Agenda 2030 das Nações Unidas e quais são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável corresponde a um conjunto de programas, ações e diretrizes que orientam os trabalhos das Nações Unidas e de seus países membros rumo ao desenvolvimento sustentável. Concluídas em agosto de 2015, as negociações da Agenda 2030 culminaram em documento ambicioso que propõe 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas correspondentes, fruto do consenso obtido pelos delegados dos Estados Membros da ONU. Os ODS são o cerne da Agenda 2030 e sua implementação é para o período 2016-2030. Continue lendo O que é a Agenda 2030 das Nações Unidas e quais são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A grande riqueza e a grande pobreza são igualmente patológicas para a sociedade

Por Ladislau Dowbor

O combate à desigualdade é uma necessidade ética. Não é concebível que no século XXI tenhamos manifestações trágicas de miséria. O básico, numa sociedade civilizada, não pode faltar a ninguém – e muito menos às crianças que não têm nenhuma responsabilidade pelo caos em que são jogadas. Não é uma questão de esquerda e direita, e sim de elementar decência humana. Estamos destruindo o planeta em proveito de uma minoria inoperante enquanto os recursos necessários para assegurar tanto as políticas ambientais como as de redução das desigualdades são desviados para atividades de especulação financeira. Acabar com a pobreza, assegurar crescimento e empregos, e promover a industrialização sustentável pertencem a uma lógica comum e integrada: democratizar o acesso aos recursos. Temos sim de evoluir para um novo pacto global se quisermos que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável realmente se materializem. Continue lendo A grande riqueza e a grande pobreza são igualmente patológicas para a sociedade

As baratas de Moscou

Por Néri de Barros

Guerras são eventos catastróficos. Em decorrência do desenvolvimento tecnológico, as mais terríveis aconteceram no século XX. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teve tantos mortos que nunca se saberá seu número exato. Talvez 80 milhões, sendo 50 milhões civis. Entre suas muitas atrocidades se destaca a carnificina do cerco de Stalingrado. A este respeito, a escritora ucraniano-bielorussa, Svetlana Aleksiévitch anota, em A guerra não tem rosto de mulher, um depoimento curioso: “Não me lembro de gatos nem de cachorros na guerra, lembro dos ratos… Nem no pior filme eu vi mostrarem como os ratos saíam da cidade antes do fogo da artilharia. Isso não foi em Stalingrado… Foi ainda perto de Viazma… De manhã, bandos de ratos andavam pela cidade em direção ao campo. Eles farejavam a morte. Eram milhares… Pretos, cinzentos… As pessoas olhavam horrorizadas para esse espetáculo sinistro e se apertavam contra as casas. E exatamente na hora em que os ratos sumiram da nossa vista começou o bombardeio. Os aviões atacaram. No lugar das casas e dos porões só restou uma areia pedregosa.” Continue lendo As baratas de Moscou

Criar melhores cidades implica resolver a questão do automóvel, do terreno caro na periferia e do condomínio

Por Ignacio Amigo

Para que as cidades se tornem “inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis” é necessário repensar o espaço público, começando por enfrentar o império do automóvel, o encarecimento desenfreado dos terrenos nas periferias e a lógica (de muro e segregação) dos condomínios. Continue lendo Criar melhores cidades implica resolver a questão do automóvel, do terreno caro na periferia e do condomínio

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a que vida saudável e a qual bem estar nos levam?

Por Stephan Sperling

Não há ODS da ONU capaz de indicar vida saudável e bem estar para todos sem incorrer em contradição diante da forma como a economia política capitalista está estruturada. O cenário internacional acumula notícias sombrias a respeito do futuro do direito à saúde, como o desfecho da Conferência Global sobre Atenção Primária à Saúde (2018). Abandonando os marcos da universalidade do acesso ao cuidado e da fundamentação dos Sistemas de Saúde no direito à saúde, a Declaração de Astana rende-se ao capital financeirizado defendendo o aprofundamento da segmentação do acesso entre consumidores do setor privado e usuários do sistema público. Continue lendo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a que vida saudável e a qual bem estar nos levam?

ODS aplicados à avaliação educacional reacendem debate: afinal, o que é uma boa universidade?

Por Sabine Righetti

Rankings universitários avaliam e comparam universidades de um determinado país, de uma região ou do globo a partir de dados que, em geral, medem a produção científica dessas instituições, a qualidade do ensino e a relação das universidades com o setor produtivo. Recentemente, no entanto, os chamados ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), ações definidas pela ONU para erradicar a pobreza, para proteger o planeta e para promover a paz até 2030, orientaram a elaboração de uma nova classificação universitária importante que, no lugar de, por exemplo, medir quantidade de artigos científicos para definir as universidades de excelência, olhou para aspectos como o número de alunos de baixa renda e com deficiências no total de matriculados. Continue lendo ODS aplicados à avaliação educacional reacendem debate: afinal, o que é uma boa universidade?

Uma breve história (não gloriosa) das Nações Unidas

Por Peter Gowan, publicado originalmente na revista New Left Review nº 24, nov-dez/2003. Versão editada e resumida por Ricardo Muniz, tradução de Amin Simaika

Durante o século XX os líderes norte-americanos lançaram duas vezes ambiciosas instituições de segurança coletiva para solucionar conflitos internacionais. A cada vez, logo depois de lançados, os projetos eram subvertidos ou transformados pelos próprios Estados Unidos. A ideia de Wilson da criação de uma Liga das Nações naufragou com a oposição republicana no Senado. A concepção de Roosevelt das Nações Unidas foi abortada pela administração democrata de seu sucessor. Até 1950, a administração Truman, orientada por Dean Acheson, havia chegado a uma estrutura política bem diferente para gerenciar a política mundial, que não exigia desmantelar as Nações Unidas nem se retirar dela; a entidade mundial e suas agências desempenhavam demasiadas funções úteis aos Estados Unidos para isso. Porém significava reduzi-la a não mais que um papel secundário, como instrumento auxiliar da diplomacia americana. Continue lendo Uma breve história (não gloriosa) das Nações Unidas